4 de agosto de 2011

Carta Maior: "Lideramos o ranking de ingestão de venenos"

Fonte: Site Carta Maior


Diante da alta de preço das commodities, o Brasil deve ser o primeiro lugar em arrecadação nas vendas de agrotóxicos, ultrapassando os Estados Unidos. Segundo dados da ONU, pelo menos dez variedades de agrotóxicos vendidos livremente aos agricultores no Brasil, não circulam na União Européia e nos EUA. Valmir Assunção
O nosso país está prestes a alcançar uma controversa liderança: diante da alta de preço das commodities, o Brasil deve ser o primeiro lugar em arrecadação nas vendas de defensivos agrícolas, ultrapassando os Estados Unidos. Estima-se um crescimento em 10% no mercado brasileiro, com vendas superiores a US$ 8 bilhões, aproximadamente R$ 12,4 bilhões.

As informações são da Radioagência NP. Segundo a reportagem, o mercado brasileiro registrou US$ 7,3 bilhões aproximadamente R$ 11,3 bilhões - em venda de agrotóxicos no último ano.

Dados da consultoria alemã Kleffmann mostraram que o Brasil teve um aumento do consumo de agrotóxicos de 1,5% entre 2004 e 2009, sendo que as lavouras em que se concentram as maiores vendas de agrotóxicos no Brasil são a de soja com 44%, seguida pelo algodão com 11%.

No mesmo período, os EUA reduziram seu consumo de venenos em 6%. Vale lembrar que os estadunidenses possuem uma área cultivada 50% maior que a brasileira e produz três vezes e meio mais grãos que a nós.

Como se não bastasse, segundo dados da Organização das Nações Unidas, pelo menos dez variedades de agrotóxicos vendidos livremente aos agricultores no Brasil, não circulam na União Européia e Estados Unidos. Ou seja, somos um dos principais destinos de venda de venenos que são proibidos em outros países.

A indústria de agrotóxicos no Brasil é poderosa e concentrada: Dominada por apenas 13 empresas, elas são responsáveis pela movimentação de cerca de US$ 48 bilhões ao ano no mundo e US$7,1 bilhões no Brasil. Em 2009, o país contava com 2.195 marcas de agrotóxicos registradas, relacionadas a 434 tipos de agrotóxicos. Naquele ano, foram vendidas 789.974 toneladas de defensivos.

Não existe uso seguro destes venenos em nosso País. Os agrotóxicos são impostos pelo agronegócio para a manutenção do latifúndio, à revelia dos impactos à saúde humana e para o meio ambiente. Mais de um bilhão de litros de venenos foram jogados nas lavouras, de acordo com dados oficiais. Doenças, reações alérgicas e até mesmo a morte de agricultores e consumidores de alimentos já são registrados em alguns Estados brasileiros.

Precisamos aumentar o quadro técnico de servidores da Anvisa, responsáveis pela fiscalização e avaliação destes venenos. Este órgão conta apenas com 23 técnicos e quatro gestores, quadro numérico que limita a atuação do Estado frente ao problema. Eles sofrem até da própria Justiça que cada vez mais interfere com ações judiciais impetradas por empresas fabricante de agrotóxicos contra a própria Anvisa e suas avaliações técnicas.

Como parlamentar, participo da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. Precisamos estimular a agroecologia como alternativa e isso significa optar por outro modelo de desenvolvimento no campo brasileiro, que garanta alimentos saudáveis para a nossa população.

(*) Deputado federal (PT-BA), vice-líder do PT na Câmara e militante do MST.


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